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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sobre a velhice

O que é velho é bom. Fiquei pensando em dois velhos: um homem e uma mulher. Eles atuam em áreas diferentes.
Um é escritor, nordestino, valente entusiasta defensor do que é brasileiro e ferrenho crítico do que é estrangeiro. Alguns o chamam de ufanista, retrógrado. Eu prefiro dizer que ele é sábio, talvez porque goste de ouvi-lo. Falo de Ariano Suassuna.
A outra é uma senhora elegante que morava na França, com cabelos brancos e um charme incontestável. Ela era sensível, de fala fácil, calma, pausada, que eu adorei ouvir quando ela esteve em Natal há alguns anos atrás. Psicanalista, com vários livros publicados. Falo de Joyce McDougall.
Dois velhos que me impressionaram muito.
“Envelhecer é a construção de uma identidade”, diz Delia Goldfarb. Duas identidades tão distintas. Acho que os dois conseguiram me passar o que sentiam. Lembro que Ariano falava que preferia que o chamassem de “velho”; porque era o que ele era prazerosa e assumidamente velho. Não gostava de termos como “terceira idade”, “idoso”, são “invenções”; dizia: “eu sou mesmo é um velho”. Joyce, mais do que relatar o caso de uma mulher que  acompanhou e que tinha câncer de mama, demonstrava toda  sua sensibilidade e cuidado por essa pessoa.
Fiquei pensando em elaboração de luto; a “juventude” de Ariano passou, a paciente de Joyce morreu e ambos falavam dessas perdas com extrema beleza. Eles não são parâmetros para o que acontece atualmente na velhice, como diz Monica Messina falando sobre o envelhecer na contemporaneidade, em que há “perda do lugar para os jovens”. Eles são como o que dizem sobre vinho: “quanto mais velho melhor”. 
Autora:
Regina Cássia Almeida
Psicóloga e psicanalista  

3 comentários:

  1. Deixei meu coment no post sobre TRANTORNOS ALIMENTARES, responde ta?

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  2. Meu blog e:
    http://anyamoraomeucorpo.blogspot.com

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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