O que é
velho é bom. Fiquei pensando em dois velhos: um homem e uma mulher. Eles atuam
em áreas diferentes.
Um é escritor, nordestino, valente entusiasta
defensor do que é brasileiro e ferrenho crítico do que é estrangeiro. Alguns o
chamam de ufanista, retrógrado. Eu prefiro dizer que ele é sábio, talvez porque
goste de ouvi-lo. Falo de Ariano Suassuna.
A outra é
uma senhora elegante que morava na França, com cabelos brancos e um charme
incontestável. Ela era sensível, de fala fácil, calma, pausada, que eu adorei
ouvir quando ela esteve em Natal há alguns anos atrás. Psicanalista, com vários
livros publicados. Falo de Joyce McDougall.
Dois velhos
que me impressionaram muito.
“Envelhecer
é a construção de uma identidade”, diz Delia Goldfarb. Duas identidades tão
distintas. Acho que os dois conseguiram me passar o que sentiam. Lembro que
Ariano falava que preferia que o chamassem de “velho”; porque era o que ele era
prazerosa e assumidamente velho. Não gostava de termos como “terceira idade”,
“idoso”, são “invenções”; dizia: “eu sou mesmo é um velho”. Joyce, mais do que
relatar o caso de uma mulher que
acompanhou e que tinha câncer de mama, demonstrava toda sua sensibilidade e cuidado por essa pessoa.
Fiquei
pensando em elaboração de luto; a “juventude” de Ariano passou, a paciente de
Joyce morreu e ambos falavam dessas perdas com extrema beleza. Eles não são
parâmetros para o que acontece atualmente na velhice, como diz Monica Messina
falando sobre o envelhecer na contemporaneidade, em que há “perda do lugar para
os jovens”. Eles são como o que dizem sobre vinho: “quanto mais velho melhor”.
Autora:
Regina Cássia Almeida
Psicóloga e psicanalista
Deixei meu coment no post sobre TRANTORNOS ALIMENTARES, responde ta?
ResponderExcluirMeu blog e:
ResponderExcluirhttp://anyamoraomeucorpo.blogspot.com
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