Há algo que vem sendo percebido na escuta clínica psicológica que é o aumento do número de pessoas que procuram ajuda com sintomas de Transtornos Alimentares (TAs), entre eles a Anorexia, que pretendo falar um pouco a respeito.
Mas o que são os Transtornos Alimentares? São doenças que têm um padrão de comportamentos na alimentação que causam severo prejuízo à sua saúde. Os TAs mais conhecidos são a Anorexia, a Bulimia, a Compulsão Alimentar e a Vigorexia. Irei me ater somente a Anorexia, que é o TA com o maior índice de mortalidade, visto as graves consequências as quais a doença pode levar.
O que se pode dizer sobre a Anorexia? Na verdade, o termo Anorexia significa falta de apetite. Contudo, hoje não tem sido aplicado apenas como essa falta de apetite, pois os pacientes costumam sentir fome, mas a controlam em excesso e de forma rígida; eles não apresentam real perda de apetite – exceto em estágios
mais avançados da doença –, e sim uma recusa alimentar, tendo como objetivo o emagrecer.
A Anorexia é um transtorno mental, de conduta alimentar que tem como característica uma séria distorção de imagem, a perda exagerada de peso, objetivando a magreza, reduzindo a ingestão de alimentos, podendo ainda ser utilizados uma variedade de métodos autopurgativos – como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e diuréticos – e/ou atividades físicas em excesso; e, de acordo com pesquisas recentes, o público mais acometido pela anorexia é o adolescente.
Ao contrário do que pode parecer, há um longo caminho na história da anorexia, casos que remontam a épocas anteriores a Cristo, não sendo, portanto, um acontecimento apenas contemporâneo. Porém, a contemporaneidade tem sim contribuído para o alastramento da doença, assim como para que as pessoas que desenvolveram tal transtorno possam pedir ajuda ou ainda seus familiares possam perceber que algo está “errado”, visto que é um assunto que tem sido difundido com mais frequência.
Podemos afirmar que é a partir da década de 80 que a magreza passa a ser firmemente valorizada. Para isso era necessário, às mulheres, submeterem-se a dietas, horas na academia, utilização de produtos dietéticos. Nesse panorama, já no final da década de 90, surgem não só mulheres magras, como também com o corpo firme, definido, com retoques cirúrgicos e pele bronzeada.
Estamos sendo bombardeados, todos os dias, pelos meios de comunicação, por imagens de como são as pessoas felizes, imagens essas cujas pessoas são magras e bem sucedidas profissionalmente, vendendo, assim, a ilusão de uma figura ideal. A moda dita a imagem da esbelteza das mulheres, levando-as a adotar dietas para a perda de peso, o que contribui para o desenvolvimento da Anorexia.
E de que maneira as relações desse ser anoréxico se apresenta diante deste panorama? Com todos seus rituais para a exclusão da comida em sua vida e, consequentemente, a perda de peso, o anoréxico distancia-se de seu círculo de amizade, de sua família e de outros objetivos que não o emagrecer.
Não se pode deixar de ressaltar a questão do sigilo para que ele possa esconder dos demais os transtornos. É nesse panorama onde se destaca um mundo paralelo, no qual o adolescente, pois, como dito, é a faixa etária mais atingida, necessita criar o seu próprio mundo onde ele possa ser o anoréxico que é tão recriminado no “mundo normal”, para que possa seguir suas dietas, seus padrões e rotinas.
Muito se questiona sobre como uma família não percebe que um membro está adoecido? Ou ainda se a família é vítima ou geradora de um transtorno alimentar. O que pode ser dito é que, ainda que os fatores sócio-culturais e familiares possam prover o contexto para esta patologia, nenhum deles, por si só, basta para explicá-la.
Apenas para encerrar, é fundamental que os amigos e familiares possam ficar atentos aos sintomas da doença para que os anoréxicos possam ser ajudados logo que possível; e também que exista um olhar para as pessoas que vêm a desenvolver esses transtornos, assim como para seus familiares.
Em
outro post futuro pretendo falar do aumento do índice da anorexia no sexo
masculino.
Dúvidas podem ser respondidas pelos comentários.
E quem quiser também mais informações:
Critérios para diagnosticar a Anorexia Nervosa e Bulimia– clique aqui.
Élida Cunha -
Especialista em Psicologia Clínica Humanista Existencial Fenomenológica.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir