Assisti
a este vídeo que me incentivou a escrever o post de hoje.
Constantemente
surgem novos textos e discussões acerca das redes sociais, da exposição em
excesso; de suas causas e consequências. Mas isto ainda é um tema que gera mais
e mais “material” para ser questionado e, até, olhado com certa perplexidade.
Sim, perplexidade. A
exposição é tanta que às vezes sabemos o que Fulano comeu ao longo do dia –
refeições e lanches – que horas realizou suas atividades, com quem, onde e o
que, teoricamente, estava sentindo.
Desejar
ser admirado, elogiado e até invejado não é um fenômeno atual, mas a internet
ajudou para que o alcance fosse maior.
Hoje
você não precisa se contentar em ser admirado pelo seu vizinho ou colega de
trabalho, não, isso é muito pouco! Você pode quebrar fronteiras e ser invejado
por alguém que mora há 15 anos no Japão e que você nem conhece ao vivo. Já
imaginou que poder você tem?!
Já
que exemplifiquei o Japão, tão geometricamente distante do Brasil, há quem
argumente que redes sociais ajudam na comunicação e aproximação de parentes,
amigos, paqueras e qualquer outro tipo de relacionamento.
O
raciocínio, a meu ver, não é todo distorcido, afinal, que atire a primeira
pedra quem nunca se comunicou, com ajuda da rede social, com alguém que mora
longe.
Mas...
Mas
não é “somente” o comunicar-se: é interessante acompanhar a necessidade que, a
sociedade como um todo, tem demonstrado em exibir sua vida; necessidade do mostrar-se, de ser o mais
bonito, o mais inteligente, o mais viajado, o mais bem-sucedido e,
principalmente, o mais feliz.
O acompanhar a vida do outro gera até uma certa
(falsa) intimidade, daquele tipo de encontrar na rua alguém que você mal
conhece, mas que sabe que a filhinha nasceu, para onde o casal viajou de férias
e o tipo de comida preferida; o que pode vir a gerar uma insegurança pessoal/familiar –
no entanto isso já levaria a discussão para outro ponto.
É ver uma pessoa tão linda na foto cheia de
filtros e efeitos, mas na rua cruzar com ela e vê-la cheia de olheiras, rugas e
cicatrizes das espinhas da adolescência. Não ser tão bonita como a foto não é
ruim, pelo contrário!, é o poder-ser você, com o que de bom e mau a vida te
brindou.
Necessidade
de aceitação? Necessidade de afirmação? Necessidade de ser o melhor?
Competição? Pouco interessa o nome dado ao fenômeno da exposição, tão atual na
nossa vida.
Interessa
o que fazemos com isso, como enfrentamos e reconhecemos em nós mesmos que há
uma lacuna, uma falta, que a internet tem ajudado, momentaneamente, a suprir.
Sucumbiremos
a essa falta?
Já
ouvi pessoas dizerem que postam ali o que pensam e sentem, pois não tem quem os
ouça e que é bom ver as pessoas curtindo sua postagem e comentando seu ponto de
vista.
Chegamos
ao ponto no qual não temos mais ouvidos atentos e ombros carinhosos para nos acolher;
temos a impessoalidade a qual recorremos.
Que
solitário, em meio a um número crescente de amigo virtual, deve ser não ir mais
à casa do amigo para comer uma pizza e intercalar com um desabafo, e sim
restringir seu modo-de-ser ao mundo virtual, na angustiante espera de ser
notado, curtido, compartilhado e comentado.
Élida Cunha -
Especialista em Psicologia Clínica Humanista Existencial Fenomenológica;
gestalt-terapeuta (em formação);
gestalt-terapeuta (em formação);
mestranda em Psicologia - UFRN
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