“Como assim,
Élida? O desistir não seria o oposto de persistir?”.
Explico
melhor: às vezes é preciso desistir de algo para continuar persistindo no
sonho.
É preciso desistir da faculdade de Direito
para poder continuar na sua busca pelo sonho de ser artista plástica, caso você
não consiga mais conciliar os dois.
É preciso
desistir do casamento que você está, para se sentir feliz novamente.
E aí que
você foi lá, batalhou, participou de uma seleção concorrida e foi chamada para
trabalhar na empresa dos seus sonhos. Que maravilha! Você faz suas malas, se
muda para a cidade dos seus sonhos, renova suas esperanças, reforça sua autoestima,
recheia a conta bancária e vai, de peito aberto.
Ao passar
dos meses você descobre que não é tão legal assim morar em uma cidade que o
clima muda o tempo todo – “e eu ainda
reclamava do calor da minha cidade” –, que estar distante da mãe dramática, do
pai exigente, da irmã tagarela, não é tão legal assim; descobre, na dor, que é
melhor só ter o dinheiro do combustível contado, no final do mês, do que ter o
do combustível, da cerveja, da balada, e não ter com quem dividir.
Descobre que
o emprego não é tão dos sonhos assim; que não é tão divertido morar sozinho,
que seus amigos de infância espalhados pela sala, assistindo um filme qualquer
na televisão, fazem muita falta.
E aí que às
vezes é preciso desistir para persistir. Desistir do que se achava que era o
certo e descobriu, depois de provar, que não é bem asssim... que a grama não é
tão verde, que o céu não é tão azul, que os pássaros não cantam na sua janela
todos os dias.
Você desiste
disso para persistir na busca pela sua felicidade, na busca de outros sonhos.
Como é, para
você, descobrir que teve que desistir porque simplesmente não conseguiu dar
conta de algo?
É tão
cobrado que “você não pode desistir”, “desistir é coisa de fraco”, que
esquece-se do nosso lado humano que pode simplesmente não querer, não conseguir
e precisar parar, desistir.
Desistir
também é uma possibilidade. Quando você quiser, onde você quiser.
Lembre
disso.
“Às vezes
queremos tanto o que queremos que não passa pela nossa cabeça que talvez isso
possa não ser tão bacana para a nossa vida como a força do sonho faz parecer”
(não conheço a fonte).
Élida Cunha -
Especialista em Psicologia Clínica Humanista Existencial Fenomenológica;
gestalt-terapeuta (em formação);
gestalt-terapeuta (em formação);
mestranda em Psicologia - UFRN.
Perfeito!
ResponderExcluirEu já desisti de cuidar de meu filho dependente químico. As clínicas não me deram a resposta esperada. Há mais de 6 anos e algumas internações. Foram férias muito caras. Não tenho mais forças e nem saúde para combater essa desgraça. Deus me ajude e me perdoe por desistir.
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