Assisti hoje
o tão comentado “A menina que roubava livros”.
Longe de chegar
perto da dimensão do livro; um livro absurdamente irônico, uma ironia fina, gostosa, provocante,
envolvente; um livro poético sem ser meloso, sensível; é existencialista; e a narrativa corre aos olhos de quem quer que
leia.
Mas,
voltando ao filme, ele me fez ver as cenas e refletir sobre as perdas.
Ele se passa
na II Guerra Mundial, na qual as atrocidades do nazismo aparecem de forma tão
brutal, mas ao mesmo tempo tão dissimuladas.
E as perdas vêm de todos os lados: a mudança
de casa, mudança de família, morte de pessoas amadas, partida de outras...
A “Dona
Morte” é a narradora. É ela quem acompanha a vida da protagonista,
Liesel, suas dores, seu crescimento, sua resiliência, sua miséria; sua sede,
mesmo não consciente, de viver. O percurso de vida de Liesel é valorizado, suas
vivências brilham aos olhos de quem a assiste.
Mas o que
inspira no filme é que Liesel não deixa a esperança morrer. Por pior que seja o
momento, a vivência, a angústia, o não entendimento do que realmente está
acontecendo; a esperança continua lá,
num fiozinho bem fino, em muitos momentos.
Ela, na
verdade, é uma sobrevivente. E, para isso, ela se utiliza de seus recursos: a
família, o amigo fiel, as palavras que a encantam, sua criatividade e, porque
não, uma pitada de sorte.
As dores que
uma guerra pode provocar tão misturadas com o amor que se pode construir; é uma
delícia de assistir.
Todos nós
vamos encontrar, em algum momento, com a narradora. Contudo, uma das muitas
mensagens que o filme passa é que o caminho, até esse inevitável encontro, é o
mais importante. A morte é fato, o caminho é escolha.
Então, como
diz a capa final do livro “Quando a morte conta uma história, você deve parar
para ler”.
P.S.: Evitei
dar muitos detalhes do livro/filme para que, quem ainda não entrou em contato,
não perca a surpresa da narrativa.
DICA: Leiam
o livro. O filme é até interessante, mas não se compara com o livro.
Élida Cunha -
Especialista em Psicologia Clínica Humanista Existencial Fenomenológica.
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