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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A menina que roubava livros


Assisti hoje o tão comentado “A menina que roubava livros”.
Longe de chegar perto da dimensão do livro; um livro absurdamente irônico, uma ironia fina, gostosa, provocante, envolvente; um livro poético sem ser meloso, sensível; é existencialista; e  a narrativa corre aos olhos de quem quer que leia.

Mas, voltando ao filme, ele me fez ver as cenas e refletir sobre as perdas.
Ele se passa na II Guerra Mundial, na qual as atrocidades do nazismo aparecem de forma tão brutal, mas ao mesmo tempo tão dissimuladas.
E as perdas vêm de todos os lados: a mudança de casa, mudança de família, morte de pessoas amadas, partida de outras...
A “Dona Morte” é a narradora. É ela quem acompanha a vida da protagonista, Liesel, suas dores, seu crescimento, sua resiliência, sua miséria; sua sede, mesmo não consciente, de viver. O percurso de vida de Liesel é valorizado, suas vivências brilham aos olhos de quem a assiste.

Mas o que inspira no filme é que Liesel não deixa a esperança morrer. Por pior que seja o momento, a vivência, a angústia, o não entendimento do que realmente está acontecendo; a esperança continua lá,  num fiozinho bem fino, em muitos momentos.
Ela, na verdade, é uma sobrevivente. E, para isso, ela se utiliza de seus recursos: a família, o amigo fiel, as palavras que a encantam, sua criatividade e, porque não, uma pitada de sorte.


As dores que uma guerra pode provocar tão misturadas com o amor que se pode construir; é uma delícia de assistir.

Todos nós vamos encontrar, em algum momento, com a narradora. Contudo, uma das muitas mensagens que o filme passa é que o caminho, até esse inevitável encontro, é o mais importante. A morte é fato, o caminho é escolha.

Então, como diz a capa final do livro “Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler”.

P.S.: Evitei dar muitos detalhes do livro/filme para que, quem ainda não entrou em contato, não perca a surpresa da narrativa.


DICA: Leiam o livro. O filme é até interessante, mas não se compara com o livro. 

Élida Cunha  - 
Especialista em Psicologia Clínica Humanista Existencial Fenomenológica.

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